Na época das grandes peregrinações pelo deserto...por onde passavam profetas e seus seguidores...surgiu um enorme carvalho, com longos galhos e folhas gigantes.
E assim portanto, quem por ali passasse poderia descansar, refazer as forças para continuar a árdua jornada...
Mas em damasco um comerciante chamado Ajad, ficou sabendo de estupendo carvalho e resolveu se apoderar dele...
Deixou sua loja nas mãos de seu primo Abdhul...
Montou em seu cavalo e foi em direção ao deserto...
Chegando ao seu destino Ajad não podia parar de admirar a beleza das folhas e as formas do troncos, o carvalho parecia brilhar sob o sol do deserto...
- Estou rico!!! gritou Ajad como louco, possuido por toda sua ambição.
Muitos dias se passaram,até que de longe surgiu o primeiro peregrino, e fatigado pelo cansaço, com a pele queimada pelo sol, sentou a sombra do carvalho...
-Que fazes ai! Gritou Ajad furioso saindo por detrás dos troncos.
Humildemente o peregrino respondeu que descansava.
-Se queres descansar tem que pagar.
-Mas senhor, nada possuo de meu...
-Então levanta-te e vá embora, pois a sombra do meu carvalho só fica quem pode me dar lucro.-Esbravejou Ajad.
Então o peregrino se levantou e partiu.
Com a partida do peregrino uma folha se desprendeu e caiu pesada na areia.
A todos os peregrinos que chegavam Ajad se mostrava arrogante e não permitia que lá permanecessem.
Em pouco tempo o imponente carvalho foi perdendo a sua beleza, folhas queimadas e tronco ressequido, nada lembrava o carvalho de antes.
-Mas mesmo um tronco velho produz sombra.-Pensava Ajad.
O comerciante havia assumido uma forma cadavérica, os meses no deserto com pouca alimentação e quase nenhuma água o haviam transformado em um louco.
Em uma certa manhã se aproximou do tronco um peregrino, e se encostou a ele, quem olhasse o tronco naquele momento veria que o velho carvalho brilhava; mas logo apareceu Ajad, gritando e esbravejando.
-Que fazes aqui peregrino? Saia, pois a sombra do meu carvalho tu não podes ficar.
O peregrino com um olhar de mansidão falou a Ajad:
-Vim não para ficar a sombra , mas para convidar-te a vir comigo, sair deste deserto de ambição e loucura que tua alma se encontra.
-Cala-te, pensas que me ludibria com tuas palavras, este carvalho pertence a mim.
-tolo Ajad, não compreendeste que tua ambição destruiu o carvalho, e destruirá tua alma, lava teu espírito com minhas palavras, caminha a meu lado para fora do deserto e no fim da jornada compreenderás que a verdadeira fortuna não tem preço, não se compra e nem é vendida, ela é uma dádiva de Deus, que faz o homem compreender que a felicidade esta no gesto de carinho, de amor para com seu semelhante, pois no mundo o que plantares tu colherás...larga de tua loucura e vem espalhar novas sementes em terra fértil, vê-las crescer e dar bons frutos, para assim tornar mais fácil a jornada de nossos irmãos.
Por um momento o comerciante tremeu em suas convicções, a voz suave parecia ecoar por todo o deserto, mas como todos temos nosso livre arbítrio Ajad esbravejou:
-Suma, tuas palavras não me convenceram, o meu carvalho vai me deixar rico.
O peregrino então abaixou os olhos e continuou a sua jornada.
Assim que o peregrino sumiu por detrás de uma duna, o carvalho começou a tombar, e o barulho foi ensurdecedor quando atingiu o solo.
Ajad ficou desolado a olhar o carvalho e se surpreendeu quando olhou a raiz, percebeu que ela formava um coração.
Mas assim que Ajad a tocou de tão seca se transformou em pó, e o vento a levou junto as areias do deserto de jerusalem...
Marcus Morais.
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